Pediram-me umas dicas de preparação para concurso. Uau, que responsabilidade!
Ouso tão-somente falar de mim mesmo! Todos nós que precisamos nos manter – e os filhos também – enfrentamos o dilema de ganhar dinheiro ou parar tudo para correr atrás dos sonhos. Quando me preparei para os concursos, a concorrência era menor e, com uns dois anos de preparo e uma boa base, era possível passar. Mesmo assim, comecei em 1985 e consegui atingir o intento final em 2002, apesar de ter passado para mestrado em 1988 e para professor de UnB em 1989.
Hoje o projeto me parece mais de longo prazo, o que é bom por um lado, mas ruim por outro: bom, porque podemos pensar num ritmo médio de duas horas de estudo diários e, da mesma forma que fazemos um curso superior, pretender concluir o projeto em quatro ou cinco anos; ruim porque a maioria das pessoas não costumam ter essa disciplina, ou porque não têm mesmo ou porque as tarefas cotidianas de trabalho, ser pai e mãe etc e tal, acabam por tirar o gás necessário para continuar, sem contar com adiamento de provas, mudanças de editais e the like.
Conversei com umas três pessoas recentemente que chutaram o pau da barraca. Já tinham estudado por uns dois anos, mas não agüentaram e aí a coisa acabou desandando. Mas eu fiz um projeto de vida com 26 anos e o cumpri na íntegra: dava aula em dois colégios, mas sempre estudava duas horas por dia e mandava ver no final de semana. Até hoje, trabalho praticamente todos os sábados pela manhã corrigindo redação e estudando um pouco, mas tem hora que dá vontade de mandar tudo a m.
Meu conselho: equilíbrio. Procure encontrar um emprego que lhe dê o feijão com arroz para manter as crianças. De preferência, tenha um horário fixo e não se atire ao trabalho. Cumpra as tarefas, mas pense no projeto de passar no concurso de forma permanente, o que não é fácil com a subjetividade feminina, nem com a tentativa de objetividade masculina. Em termos de emprego, às vezes pintam uns jobs de uns mil e quinhentos, dois mil reais, por concurso, ou não, que servem para tirar o pé da lama e tocar o barco. Pessoalmente, sou contra a idéia de largar tudo e viver de economias, porque, na maioria dos casos, o dinheiro acaba antes do sonho concretizado e aí já viu- mas já vendi um apartamento para estudar e não me arrependi.
Não sei se ajudei, mas é mais ou menos isso.